FOLCLORE NACIONAL ( Serie Folclorica Mente )ROBERTA LESSA
O olhar a cultura popular e folclórica brasileira, vem de há muito, e sempre fomos e somos alertados pelos guardiões originais da essência inicial da cultura brasileira. Instituir um dia específico à algo que é intrínseco à uma nação, é o mesmo que declarar direito à liberdade de voo à uma ave de rapina.
O folclore nacional transita liberto por toda sociedade, por todos os seres e não seres, é como se compusesse a alma de toda nação, sendo sim o elo de conexão entre as diferenças sociais.
Nossa cultura popular mesmo absorvendo todo processo tradicional de aculturação que desenvolvemos desde que o Brasil era terra de gente-índio e fora invadida por gente-branco e a posteriori outras tantas gentes; tende sempre ao retorno ao útero que ainda alimenta seus filhos, mesmo que eles neguem, desvalorizem, ignorem, ou se voltem às invasões culturais alienígenas de seu povo.
Ainda bem que desde que o Brasil é Brasil houveram seres com a delicadeza e sensibilidade suficiente de arregaçar as mangas em defesa do folclore nacional, fomentando em nós nos dias de hoje essa inquietação que instiga o desejo que defendermos a arte de nossa terra, de nossa gente, de nossos ancestrais:
São folcloristas que buscaram registrar desde a década de vinte, as verdades vindas através da oralidade que continua a viajar no tempo e espaço perpetuando riquezas ancestrais.
São autores que desde os primórdio do tempo do Brasil tecem na literatura perfiz de perpetuidade e que elevaram a cultura popular brasileira à uma valorização merecida e reconhecida mundialmente.
São artistas plásticos que expressaram em tintas, telas, esculturas, riscos e rabiscos, as belezas infindas de nossa terra brasilis, perpetuando-a em e com sua obra .
São músicos com seus diferenciados ritmos e padrões sonoros, que incendeiam a alma do povo com a sonoridade tão bela e jamais ouvida em quaisquer partes do planeta, pois é mistura de tudo que chegou aqui e mais um pouco que já tinhamos.
São os encontros em terreiros que transformam -se em bebericagem, comilança e muita dança que envolve nosso corpo fazendo dele objeto do prazer através do movimento que se torna involuntário à medida que adentra-nos profundamente.
São historiadores honrados que com seu comprometimento em documentar, apesar da maré de maus e tendenciosos profissionais, realmente o que é o folclore nacional, sem floreios, interpretações e ou invenções que muitos autores desprovidos de ética tentam impor como fato real.
São sagrados curadores do corpo e da alma da gente que transitam libertos na sociedade desde há muito, tecendo outros olhares e valores àquilo que a ciência ainda não considera academicamente comprovável e por isso ilusório e errôneo.
Enfim se há espaço nesse Brasil para tanta diversidade, porque não valorizar essa riqueza com ações durante todos os dias do ano, nem que para isso tenhamos que instituir eternos dias de sacis, iaras, curupiras, pretos velhos, e tantos outros personagem que estruturam nossa memória afetiva e coletiva tão enriquecida com nossos mitos, ritos, crenças, usos, costumes ......??? .....
Texto: Roberta Lessa