## SEM RESTOS ##
Sem restos
Não bastara roubar-lhe manhãs e noites,
roubou-lhe o sorriso,
os gostos, o infinito dos seus sonhos.
Cavou-lhe as entranhas,
devorando a carne,
sugando o sangue,
roendo-lhe os ossos;
lambuzando os dedos...
Não bastando roubar-lhe o corpo,
buscou-lhe a alma,
d'agora leve e escondida,
não mais partida.
Inteira se foi,
e não há mãos que a alcancem.
(Taciana Valença)