A eficácia da morte
Com 16 anos alcancei uma macabra percepção e só hoje consigo lidar com tal morbidez.
Algo que por longo período me perturbou, afetando todas as minhas funções cognitivas.
Ter medo de dormir e ficar preso para sempre é uma das maiores torturas concebíveis.
E tudo começou naquele dia estranho e frio, no qual fui apresentada à finitude do ser humano.
Enquanto caminhava lentamente por aquele cemitério, fui puxada para uma realidade que sempre evitei: A eficácia da morte.
Perante a tantos túmulos, percebi que brevemente seria o meu.
Antes disso, ou não, eu veria as pessoas que mais amo sendo levadas de mim.
Nada sobraria e nem mesmo o calor dos abraços esquentaria os corpos gelados.
Afetos e sorrisos compartilhados não passariam de boas memórias.
E tais lembranças deixariam de existir simplesmente com o curso natural do envelhecimento.
No fim das contas, tudo vira pó. Literalmente.
O óbito não faz acepção de pessoas.
Ele chegará a todos nós, sem exceções.
O discernimento profundo da fragilidade humana expõe o grande mistério da vida
Se isso não for suficiente para buscar o sentido dessa fútil existência, você se torna ainda mais digno em recebê-la.