________________PARA NÃO VIRAR CARVÃO
Para não virar carvão o corpo da palavra,
o pulmão do verso...
O regozijo das asas!
Para o deslocamento da carne
- e a possível queda -
faz parte,
o arbítrio do salto
- liberdade -
E no peito - condensada coragem.
Para não virar carvão,
de estrelas os olhos se vestem,
e no movimento - o néctar no zigue-zague do vento...
Perdem-se as notas do medo.
Para não virar carvão,
morte e vida
- dois punhais possíveis -
à derradeira rutilância dos ponteiros.
Para não virar carvão
- sem ter grilhões -
na amplitão infinita do mundo
- poesia! -,
rasgando, letra a letra, a superfície bruta.
Sangrou-lhe o movimento!
Bendito seja,
o peito em vibração - passarinho!