Comentário sobre o filme O Coringa no facebook

Ainda sobre o o filme O Coringa, tentei (mas não consegui) achar uma notícia de uns 7 anos atrás, sobre um canadense que surtou no Canadá, atravessou toda a América em surto e só foi atendido e reencaminhado a sua família ao entrar em território brasileiro, no Amazonas e ser atendido pelo pessoal do CAPS de uma cidade do interior do estado. Lembro disso por que foi um momento de grande orgulho para mim de ser psicólogo e da psicologia brasileira. Como avançamos em termos de atendimento e de dignificação de toda uma ampla parcela da população com as políticas de saúde mental. Lembro dos doidos de rua, quando eu era criança em Visconde do Rio Branco, expostos a todo tipo de maus tratos e humilhações (e de quando minha mãe me viu mexendo com o Juca Cipó, e me repreendeu da melhor forma, me mostrando que já era uma pessoa que sofria muito, e se eu achava que devia ainda acrescentar mais sofrimento para ele). Depois aprendi que esse mesmo sofrimento, ainda que menos intenso e estrutural, era também responsável por colegas que iam deixando a escola, pessoas que viviam o inferno no seu trabalho, pessoas que se calavam e fechavam e desistiam dos seus sonhos em função de gênero e de opção sexual, ou de sua etnia. E tenho tentado seguir o conselho da minha mãe, de não tentar acrescentar mais sofrimento, e de fazer da minha prática, como psicólogo e agora como professor, uma forma de tentar diminuir esse sofrimento. E isso me dá orgulho de ser quem sou, e principalmente força para lutar contra quem segue o caminho contrário, os que continuam acrescentando sofrimento a vida dos outros (principalmente os mais fracos), por não terem coragem de enfrentar os seus próprios. Que a pedrada do Juca Cipó os acerte.