Laços
É... Faz tempo que não me expresso em versos.
Sejam escritos ou cantados. E não é por bloqueio criativo, ou como se eu não tivesse mais os pensamentos e sentimentos a mil, correndo em diversas direções, muitas vezes opostas, sem se decidir.
Pensando bem... Nada de novo.
Quer dizer... Esses dias rompeu-se a fita que antes me uniu a alguém. Importante notar que por mera coincidência - meu irmão a arrebentou, no dedo, quando eu desprevenido nem ouvi seja lá o que ele disse antes de ver que ela já estava podre (na verdade um exagero pra bem fina e gasta) - e assim nenhum dos significados que a dei, confesso que em três momentos, ainda se concretizou. Mas mesmo assim ela já se partiu.
E, bom... Não me entenda errado. Não quero que pareça que eu acreditava que só ela me atrairia essas coisas, como se agora as chances acabassem. Mas perdeu a chance de se tornar algo mais bonito, com mais ligações - mais laços.
Como os que eu de novo mentalmente criei, em mais uma tarde de terça-feira. Ouvia seu relato, e é como se algumas palavras soltas - troféu, Fábio, Amanda, vontade de chorar, terapia... falta de coragem...- tivessem vindo de mim. Mas sei que não.
Mesmo assim me vi em você, naqueles olhos quase lacrimejando. Sei que não pelos mesmos caminhos, intensidade, ou sequer por querer também me machucar, fisicamente pelo menos. Mas por querer emocionalmente... O mesmo lar de volta. <br>
Mas enquanto não conseguir, resta o trabalho. Aquele nosso, incerto. Desregulado, 24/7 mas também possível de ser deixado de lado, e reformulado, quando necessário. Que depende do nosso esforço e escolha, mas se por algum motivo dá o primeiro imprevisto, quase nunca nosso, lá se desmorona o roteiro de toda uma sequência de meses e metas. Por isso buscamos, de lado, também uma segurança para isto. Mas ainda contamos moedas, mais do que devíamos. E nos descuidamos, esquecendo o que sentimos em prol do que queremos. Logo terá que dar retorno, e se isso custar burnout, noites em claro, dúvidas, dívidas, lágrimas, que seja. Que venha logo, em meio a tantos lugares que conheci e reconheci, nos últimos dias e noites que saí pra avançar, um passo por vez.
E num desses, me vi do outro lado da cidade, a tarde, na casa de uma amiga nossa. Produtora também. Contando sobre nossas situações, é engraçado como soa bobo, né? Dá pra pontuar exatamente o que falta, em que pontos a gente precisa mudar, e em quais dependemos dos outros. Mas ela sabe dizer, na lata, que são esses que devemos esquecer.
E bom... eu sei.
Mas... posso dizer por mim. Passam mais dias, e mesmo fazendo meu melhor para seguir os sonhos, é mais uma noite, entre tantos amigos, onde no fim, todos vão pra suas casas e essas dúvidas ressoam na minha cabeça como se fossem uma única nota, suspensa num acorde que, salvo isso, estaria em perfeita consonância. Ou talvez eu esteja levando isso tudo longe demais.
Mas é como se um fio me prendesse sempre à mesma resolução que conheço, que agora não é possível. Um novo lar... Há de vir, mas fico a espera.
E parece que não é sozinho, desde que eu me lembre de tudo o que já ouvi entre conversas que quase choramos.