LUCIDEZ DIANTE DA MORTE

Toda grande filosofia é aquela que tem um ensinamento audacioso e desconcertante, desenvolto e apaixonado, para divagar sobre a morte com toda a sua inevitabilidade. O mais sábio ensinamento é sempre aquele que, fazendo uso de um inexorável estoicismo, transmite uma implacável lucidez diante da morte, dissemina o valor da coragem ante as fatalidades e propaga a importância da serenidade de espírito frente ao irrevogável fim da existência humana nesse mundo cheio de ilusões e, porque não dizer, fadado ao fracasso das empreitadas mais ambiciosas. Por isso, toda ambição que aposta na prepotência humana como forma de erguer realizações monumentais não passa de uma tentativa de construir um projeto alicerçado sobre a areia movediça. E é por isso também que toda pressa e correria, bem como toda tentativa ansiosa de obter à qualquer custo status social, não passa de mera vaidade que só leva o ser humano aos cumes do desespero e a mais terrível amargura, até porque a morte, com toda a sua pompa obscura e sombria, nos faz lembrar a todo instante de vida que nós somos pó e, como bem enfatiza o livro do Gênesis, que um dia certamente ao pó voltaremos. Então nada do que edificamos para esse existência sobreviverá para contar história. A nossa vida, portanto, já está destinada a usufruir da dor que descamba para o derramamento de uma lágrima. E entre tantas idas e vindas, altos e muitíssimos baixos, conheceremos enfim o momento derradeiro que nos conduzirá para o término de nossa jornada na terra.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 11/10/2019
Reeditado em 11/10/2019
Código do texto: T6767126
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