Ética, chocolate e Alma imortal.


O filósofo e palestrante Mario Sergio Cortela, em sua palestra(ética e convivência -1h e 9 min – Youtube), explica que a ética é o “belo interno” refletido em ação. A ética como uma espécie de estética. Cortela salienta que Ser ético é ser decente, do latin “dec.” que significa enfeitar, embelezar, ornar.
Diz que ser ético é ter honradez e que “agir eticamente” ajuda no convívio social e que as obras éticas são as únicas coisas que tem realmente valor ao fim da vida. Diz, por fim que a ética se constrói pela educação.

Já o historiador Leandro Karnal, em sua palestra(provocações sobre ética - 1h e 4 min – Youtube) explica que ética é “não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a você”. Que agir eticamente possibilita uma vida social mais humana. Diz, por fim que a ética se constrói pela educação.

Nos dois casos, resta evidente que ambos concordam que a ética é fator essencial para o convívio social e que pode ser construída por uma boa educação. Karnal, nesta palestra, apresenta uma ideia mais racional nas motivações para se ser ético, qual seja: respeito, em prol do convívio.
Cortela, parece concordar, mas vai além, ao evocar um valor intrínseco, quase transcendental, qual seja, o de deixar boas obras ao final da vida.

Nesse sentido, a abordagem dos dois palestrantes parece se completarem e, sem dúvida, motivam o “bom coração” a ser ético.
Ambos entendem que a causa das ações antiéticas é a ignorância, pois propõem como solução a educação.

Contudo, nenhum dos dois especifica qual tipo de educação nos falta para sermos éticos.
Com certeza, se o único conhecimento que nos faltasse fosse o conhecimento de que é preciso respeito mutuo para melhorar o convivio social, certamente, nossos políticos, universitários, executivos, servidores públicos de estado e tantos outros, que já sabem disso(da necessidade do respeito para o convívio), seriam todos éticos, mas sabemos que muitos não o são. A história nos mostra o quão antiético foram e podem ser nossos maiores letrados.

Nesse sentido, nenhum dos dois palestrantes responde por que somos todos, em alguma medida, antiéticos e que tipo de educação poderia nos levar a ética, pois resta evidente que não seria a educação atual.

Acredito que a filósofa e professora  Lucia Helena, nos dá boas pistas dessas perguntas não respondidas.

Segundo o que a Prof. Lucia Helena nós diz em sua palestra “Ted (19 min): ética e chocolate”, nós não somos éticos porque não gostamos de ser ético. Somo movidos por gostos e não nós agrada ser éticos. Para ela, quando agimos com um verniz de ética, o fazemos por medo ou interesse. Fazemos por ameaças ou compensações. Vivemos uma ética de coerção e não uma ética por convicção. Vivemos uma ética superficial e interesseira que cai por terra quando ninguém está vendo. Para esta filósofa, só vamos aprender a ser ético quando aprendermos a gostar de ser ético.

Mas como aprender a gostar de ser ético e por que aprender a gostar de ser ético? Lúcia Helena nos dá algumas pistas.

Segundo ela, devemos primeiro investigar e descobrir que é possível mudar o gosto. Que a evolução é justamente a apuração do gosto e que, portanto, é possível aprender a gostar de ser ético.
Depois, devemos olhar para dentro e reconhecer que tem algo ali que merece respeito. Ter a convicção de uma vida interior. Ter a convicção de que ali (dentro de nós)tem algo que clama por uma vida ética, pois ser ético é coisa de ser humano.

Minha opinião:

A parte mais superficial de nós, a máscara, a persona, age instintivamente por interesse e por isso não gosta de ser ético, pois ser etico da trabalho, pois abre mão dos prazeres do corpo em busca dos prazeres da alma. Contudo, por trás dessa máscara instintiva existe um ator, um ser bem mais profundo. Não somos a máscara, a persona. Somos este ator mais profundo. Este “ser interior, uma Alma” que clama e se alimenta de ética, porque somos imagem e perfeição de Deus. Esse alimento(ética) é o único que nos torna interiormente saudáveis e felizes. Porque somos humanos, esta é a lei. Só a ética nos arranca o vazio e nos preenche.
Quando Aristóteles diz que felicidade é uma atividade da alma, guiada pela Virtude, e posteriormente Marco Túlio Cícero diz que a felicidade só pode advir do que é moralmente correto, entendo que eles faziam tal declaração, porque, de alguma forma, sabiam quem é o Eu verdadeiro e do que esse Eu se alimenta.
A felicidade é um prazer continuo, mas não um prazer do corpo, da mascara, do recipiente, mas um prazer daquele ser imortal e ator principal. A felicidade é o continuo prazer da alma imortal que se alimenta de ética. Que se alimenta do absoluto bem, belo, justo e verdadeiro.