Subjetividade, conhecimento e razão

Subjetividade, conhecimento e razão

Se um ser vivo é capaz de reconhecer elementos ou fatos que compõem sua realidade apenas pelos sentidos do olfato e do tato, então, por mais limitado que isso possa ser para nós, ainda é uma compreensão. A subjetividade tem sido confundida com ''ilusão'', por alguns pensadores, mas, na verdade, ela se consiste num ponto ou ângulo de perspectiva sobre a realidade; em uma parcialidade de percepção. Por exemplo, se eu desenvolvo preconceito ou antipatia por certo elemento ou fenômeno, isso não é uma ilusão, mas uma parcialidade verdadeira, porque é real; o meu sentimento de exclusão, de ódio ou nojo, é real, e, mediante a ideia de probabilidade responsiva ou de interação, de um indivíduo sobre um elemento ou fenômeno, é perfeitamente possível que se possa desenvolver uma relação ou reação dessas.

O conhecimento/verdade principia justamente por nossas subjetividades. Eu me atrevo inclusive a dizer que, todas as nossas simpatias e antipatias, são conhecimentos, mas, do tipo subjetivo, sensorial, primário. Nascemos com uma constituição biológica designada para reconhecimentos primários de certas perspectivas ou probabilidades sensoriais/reativas. Justamente por isso que são parciais ou incompletos. Portanto, o conhecimento científico ou meta-subjetivo, no sentido ideal, como parte da filosofia, se consistiria no complemento de nossas subjetividades. Um exemplo que sempre vem a calhar: nossa tendência de percepção sensorial negativa, de nojo, em relação a certos insetos como a barata.

Por nossas subjetividades, lhe temos nojo. Por esse nojo, a reconhecemos. Mas, a barata não é intrinsecamente nojenta. Reconhece-la além dessa reação de sentidos, especialmente o da visão, é uma maneira de complementar nossas perspectivas subjetivas com mais conhecimentos sobre ela. Interessante pensar que, quanto mais informações verdadeiras temos sobre este ser vivo, mais ponderada nossa opinião final se torna. Mesmo em relação a um inseto que é notoriamente conhecido por ser um vetor de doenças e simboliza a sujeira do ambiente. É aquilo que eu já comentei em outro texto aqui, que é o papel da racionalidade de diluir extremismos, fanático ou preconceituoso, que podemos ter sobre as ''coisas''.