"Ó.. Querido roqueiro adorador de Satã. Permita-me rezar por Jah Escondido"

PARTE.1

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Eis que cheguei aos 15 anos de idade… com a cabeça mais vazia que não sei o quê… prestes a repetir a sexta série (pela segunda vez), gás lacrimogênio no lugar de cérebro e muito… muuuuuito tempo livre. Adolescentes tem essa capacidade de transformar tudo que é bom em obsessão, não é verdade? Distorcem informações a fim de continuar fazendo da própria vida um filme de Hollywood, com atores mexicanos e dublagens da Rede Globo! Enfim...

Aos 15 anos resolvi ouvir METAL e ser DO-MAU (“miauu...”). Só que do Metal vinham algumas variantes... como o “Trash Metal”, “Power Metal” e “Black Metal”, “New Metal”, “Doom Metal” caraca… Em poucos meses eu já andava na rua vestindo preto e parecia um abutre. Magrelo, com blusas eternamente pretas, tamanho G, que ficavam enormes em mim e calças TAMBÉM pretas. Eu era muuuito magro. Muito mesmo. E baixinho… Então parecia mais um Ajudante do Papai Noel do mau. E usava aquelas pulseiras chamadas “SPIKE” que só ficam bonitas no pescoço de seres que podem – de fato - receber o nome “SPIKE”, ou seja, cachorros.

O fato é que meus amigos e colegas de escola em sua maioria, não achavam tão ridículo, porque estavam ocupados também sendo ridículos à suas maneiras. Existem muitas. Adolescentes gastam toda a energia sexual reprimidas, nesta parte de estética.

(na verdade eu me perdi no que ia falar… com o texto, mas… vamo lá...) … Ahn…

Então……. O Heavy Metal pode ser libertador! Pode mesmo! Toda forma de Rock’n’Roll é libertadora... O rock é um Agente da Liberdade. E ele existe por que o JOVEM EXISTE. E o jovem sempre se sente “oprimido” e “preso”, por alguma coisa. Alguma norma, alguma lei, alguma convenção, algum amor... ou se sente preso até por ELE MESMO, ações próprias... muitas vezes.

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O que os jovens precisavam – e ainda precisam – entender. É que a revolta precisa parar. Esse limite é visível em todos os cantores e todas as bandas que vingam. Todo sobrevivente, na vida… Ele sobrevive por que num dado momento… Ele PARA, analisa o que vem fazendo até então… E decide se continuará ou não… repetindo os mesmos erros.

Infelizmente podemos estabelecer até uma regra em que os ídolos “porras lôkas” em sua maioria, acabam morrendo… ou definhando. Invariavelmente isso acaba acontecendo com eles. São seres humanos, não são Superhomens. As consequências são as mesmas para todo mundo. Coração ferrado e cheio de gordura, obesidade, figado destruído, pulmão, complicações por diabetes, velhice precoce… doenças mentais como depressão severa, adicção (vícios diversos), ansiedade, transtorno do pânico, insanidades, solidão, abandono. E provavelmente o ídolo… é quem sofre mais com tudo isso. Justamente por estar preso a condição de ídolo...

O seu ídolo quer tanto, tanto, tanto... continuar sendo o SEU ídolo, que ele se permite ser internado em hospitais psiquiátricos, casas de recuperação, ele acaba com a sua própria vida familiar, ele se torna um estorvo para a família, ele adoece, ele vive preso a uma vida que o seu próprio corpo NÃO SUSTENTA MAIS. Tudo isso porque você... fã… o ama demais.

(Fim da parte I).

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 29/09/2019
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