HOMOSSEXUALIDADE E MISANDRIA: UMA REFLEXÃO
"Uma reflexão sobre a misandria no Brasil e no mundo: um diálogo sobre homossexualidade e misandria.
“ Islã pune a homossexualidade com a morte”, li o título da matéria. Alguns reagiram mostrando aprovação à atroz punição; outros consideraram-na uma irretorquível evidência da homofobia conservadora oriunda de religiões “ patriarcais”. Na divergência inconclusiva a respeito dos comentários, ofereço ao leitor um terceiro prisma acerca do assunto. Segundo Ana Caroline Campagnolo, o antigo testamento condenava a homossexualidade com sentença de morte. O mesmo ocorre em certos países do oriente médio e também na África, salvo engano, em Uganda. Desafio a concepção de que essa cultura seja genuinamente homofóbica. Alvitro aqui que tal selvageria decorre da misandria como elemento basilar e que a homofobia é apenas agravante. Por que razão? Explano: a bíblia condena a homossexualidade masculina, assim como no Irã. Pouco se discorre sobre a homossexualidade feminina, tanto em teoria quanto prática, nessas religiões milenares.
Convido vocês a ponderar sobre a lógica dessas resoluções: se a imoralidade proviesse do ato homossexual em si, naturalmente, lésbicas sofreriam a mesma represália que homens gays. Isso, todavia, não é o que acontece. Nas culturas conservadoras, incluindo o Brasil hodierno, em que 85% da população se considera cristã, nota-se de modo claro ou velado, uma forte discriminação contra o homem gay, discriminação esta que não atinge de forma proporcional mulheres lésbicas. Ilustro: homossexuais desde sempre foram considerados aberrações, representando até mesmo perigo para crianças. Um home gay será visto com suspeitas caso trabalhe numa creche ou no maternal. Se a homossexualidade for de conhecimento da comunidade local, o preconceito será maior caso este homem não demonstre trejeitos femininos – um homem gay e másculo tem mais chance de ser visto como um potencial pedófilo ou portador de um transtorno parafílico que um gay afeminado. O mesmo ocorre com lésbicas: caso esta seja masculinizada, sofrerá mais preconceito que uma lésbica feminina. Essa realidade também acomete travestis: quanto mais afeminada e reminiscente de uma mulher de verdade, menor será o preconceito sofrido e maiores serão suas chances de florescer na sociedade.O preconceito contra transexuais é infinitamente maior do que o preconceito contra uma mulher que decide ser homem; afinal, um ser descartável como o homem não pode cometer a heresia de querer se assemelhar ao ser angelical e excelso que é, para todas as sociedades, a mulher. Quanto mais um indivíduo se aproxima do que é masculino e se distancia do sagrado feminino, menor é a leniência social com seus erros e acertos e mais discriminação este indivíduo sofrerá. O preconceito não jaz apenas na esfera social, mas na esfera legal. No documentário The Red Pill ( link abaixo), uma mulher violentou sexualmente um homem portador de condições especiais. Além de não ter sido punida, a abusadora continuou a trabalhar no local de seu ofício. Se fosse um homossexual, a pena certamente seria severa e quanto mais másculo o indivíduo, menor a clemência do juiz – o homem é naturalmente visto como predador. Convido o leitor a mais uma reflexão: se um professor homossexual é acusado de abusar de um aluno, ele não terá o benefício da dúvida e correrá o risco de ser linchado pela sociedade. Uma mulher lésbica jamais enfrentará repressão similar. E reitero: quanto mais masculinizada a mulher, maior será sua chance de ser vista como culpada.
Certa vez, vi um comentário que me foi marcante. Por que conservadores tendem a repudiar o homem homossexual mais que a mulher? A narrativa predominante é que isso é culpa do machismo, porém sou inclinado a discordar. Essa distinção de tratamento deriva do ginocentrismo, que considera o feminino sagrado e digno de louvor. Ser homem e ser gay, significa, em última e mais simples análise, não gostar de uma mulher, algo visto como imoral e abjeto pela sociedade. Antes de compartilhar experiências pessoas pra finalizar a parte 1 do texto, convido o leitor a examinar uma matéria do A voice for men, que desafia a narrativa pré-estabelecida de que as mulheres são oprimidas pelos homens em sociedades patriarcais islâmicas.
O que aprendi associando-me por dez anos com turmas de ideologia esquerdista
É certo que muitos sustentam a crença de que a esquerda e o feminismo não têm qualquer tipo de intolerância com homossexuais. Vou divergir dessa visão. Dentro do próprio feminismo, mulheres como Germaine Greer, uma feminista de renome mundial, denotam certo desprezo por homens que optam pelo transexualismo, como se fosse algo afrontoso a uma mulher receber nomenclatura similar a um homem que decidiu mudar de gênero. Um homem jamais será uma “ mulher de verdade”, possuidora do sagrado feminino. Embora esta concepção esteja correta e seja uma premissa biológica, jamais se ouviria discurso inverso, como uma lésbica sendo rechaçada por alguma comunidade masculina por não ser “ um homem de verdade”. Não existe sacralidade naquilo que é masculino e a frase “ homem de verdade” só é usada de modo depreciativo ou como forma de chantagem, tendo como resultado iminente algo que cause mutilação emocional, prejuízos financeiros ou que requeiram auto-sacrifício. Ser mulher é ser sagrado; ser homem é ser descartável.
No mundo cotidiano, o preconceito é idêntico: homens que se relacionavam com outros homens, na turma com a qual me associei durante anos, eram ocasionalmente ridicularizados por feministas caso estas tivessem alguma desavença com o indivíduo gay do sexo masculino. Se porventura uma mulher traísse o namorado com outra mulher, a perfídia seria vista em tom zombeteiro e a vítima da traição seria ridicularizada. Nenhuma pressão social era imposta sobre a mulher infiel. A situação contrária resultava em tratamentos radicalmente diferentes. Um homem que traía a namorada com outro homem era visto com nojo por outras mulheres e homens, mesmo que esses se considerassem feministas / LGBTistas. Quando feministas querem ofender um homem, elas o insultam de " viado". Concluo aqui meu ponto de vista e faço um último desafio ao leitor: enquanto redigia esse texto no Word, notei que a palavra “ misandria” não consta em seu dicionário ao passo que a palavra "misoginia" é prontamente corrigida, caso erroneamente digitada. A misandria não é invisível apenas no Word, mas no mundo real.
Os homens devem se unir para combater o desprezo pelo que não é mulher, sejam esses homens gays, negros, brancos, ricos, pobres ou pertencentes a qualquer outro gênero, cor ou classe social. "
Sobre a imagem: você crê, honestamente, que lésbicas sofreriam a mesma sina que esse homem? A homofobia é agravante da misandria.