Deus que vem

Anos de movimento. Nunca estamos no mesmo lugar por circunstâncias de razão e tempo que mesmo ao nos aceitarmos na mesma cadeira, em uma mesma sala, ficar com o corpo na mesma posição nunca nos será possível revivermos aquele instante, não é possível agrupar de novo aos aspectos temporais, físicos, emocionais, místicos e emocionais por mais de uma vez e criar assim num instante cronológico e físico idêntico a outro.

Deus em sua eterna perfeição é o único capaz de navegar por toda nossa história pois Ele é eterno, porém não se dá ao luxo de interferir em nosso livre arbítrio é São que nasce nossa identidade pessoal, nossa história de vida e por consequência nossos sonhos e ideais.

A beleza De sermos criaturas de Deus nasce aí, na liberdade que o verdadeiro amor que é Deus nos dá de caminhar e construir, não gerar e sim transformar o que nos rodeia, assim sendo Ele dá a nós, a cada indivíduo a maior prova de amor que tem por cada ser criado, e vem nos mostrar em Cristo Jesus que o verdadeiro amor nos obriga a deixarmos o estado de indivíduos e nos tornar comunidade no perfeito corpo do eterno que é Deus.

A linguagem do amor se torna indispensável a caminhada humana e se manifesta na alegria que é gerada em pequenos o humildes gestos de partilha, como o simples ofertar um copo de água a quem tem sede que tem o grande significado de saciar não só a sede mas como também o revigorar o Espírito e a alma de que recebe e bebe a água, um humilde gesto aos olhos de quem vê ou de quem deu o copo de água, mas que recebe e bebe a água tem em si um grande momento de manutenção da vida, fato que torna esse oferecer a água em um momento silencioso de santidade aos olhos do eternos, independente de se o copo seja um belo copo de cristal ou um humilde copo de plástico descartável, o que importa é a vida transmitida pela água que foi oferecida e por instante esteve no interior do copo e no instante seguinte se tornou saciedade a vida.

Vamos ler esta passagem do evangelho de Jesus Cristo segundo São João

".

João 4

1Os fariseus ouviram falar que Jesus estava fazendo e batizando mais discípulos do que João,

2 embora não fosse Jesus quem batizasse, mas os seus discípulos.

3 Quando o Senhor ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou uma vez mais à Galileia.

4 era-lhe necessário passar por Samaria.

5. Assim, chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José.

6. Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia.

7. Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: "Dê-me um pouco de água".

8(Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)

9A mulher samaritana lhe perguntou: "Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?" (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)

10 Jesus lhe respondeu: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia água viva".

11. Disse a mulher: "O senhor não tem com que tirar água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva?

12. Acaso o senhor é maior do que o nosso Pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado?"

13 Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez,

14, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".

15A mulher lhe disse: "Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água".

16 Ele lhe disse: "Vá, chame o seu marido e volte".

17"Não tenho marido", respondeu ela.

Disse-lhe Jesus: "Você falou corretamente, dizendo que não tem marido.

18O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade".

19. Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.

20. Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".

21 Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.

22. Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois, a salvação vem dos judeus.

23, No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.

24 Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".

25 Disse a mulher: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".

26 Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".

27. Naquele momento, os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber?" Ou: "Por que estás conversando com ela?"

28. Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:

29"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo?"

30. Então saíram da cidade e foram para onde ele estava.

31. Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: "Mestre, come alguma coisa".

32, mas ele lhes disse: "Tenho algo para comer que vocês não conhecem".

33. Então os seus discípulos disseram uns aos outros: "Será que alguém lhe trouxe comida?"

34 Disse Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.

35. Vocês não dizem: 'Daqui a quatro meses haverá a colheita'? Eu digo a vocês: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.

36. Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida eterna, de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe.

37. Assim é verdadeiro o ditado: 'Um semeia, e outro colhe'.

38. Eu os enviei para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês vieram a usufruir do trabalho deles".

39. Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte testemunho dado pela mulher: "Ele me disse tudo o que tenho feito".

40. Assim, quando se aproximaram dele, os samaritanos insistiram em que ficasse com eles, e ele ficou dois dias.

41E, por causa da sua palavra, muitos outros creram.

42E disseram à mulher: "Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo".

Neste evangelho vemos com clareza como Deus, Eu Sou, Verbo encarnado na pessoa de Jesus Cristo se manifesta na simplicidade. Muitas vezes pensamos que somos nós capazes de dar a alguém algo de bom e na verdade esquecemos de que somos apenas um copo vazio que precisa ser enchido numa fonte e na verdade é esta água viva que jorra da fonte que é o Cristo que sacia verdadeiramente a sede da humanidade. É por vezes Deus se manifesta a nós em nossa pequenez nos pedindo água para ver o que temos a oferecer. Aquela mulher da Samaria em primeiro lugar ofereceu o que tinha, seus sentimentos de desconfiança, os rótulos que seu povo carregava de não se dar bem com os judeus, e desta conversa simples aquele que pedia água se transforma se mostra uma fonte viva para aquela mulher que lhe respondeu ao questionamento com a verdade de sua vida. Cristo aí pode se manifestar como Deus presente e acolhedor pronto a saciar eternamente as carências daquele coração e ela tem a grande oportunidade de adorar a Deus em Espírito é verdade e ainda mais de humildemente anuncia ló a todos os seus, aí nasce a primeira missionária que lavada pelas águas do Espírito de vida do Cristo começa com sua transformação interior, abrindo o seu coração a anunciar aquele que é fonte da vida.

Seguindo aqui um pouco mais neste evangelho percebemos mais belezas de Deus.

A samaritana estava ali simplesmente cumprindo suas obrigações de mulher ao buscar água para a manutenção diária da casa. Não é ela que procura o Cristo aliás apesar das duras realidades daquele povo e daquela época o Cristo que se achega em sua humildade e em primeiro lugar inicia aquele momento com um simples pedido.

A samaritana embora excitante responde. Nasce aí um grande e feliz momento de Diálogo de partilha.

Esse grande momento de diálogo e partilha e que tem feito muita falta, melhor dizendo, faz muita falta em nossas vidas hoje em dia.

Não damos a chance ao outro de se aproximar e assim nossos corpos continuam secos e nós morrendo de sede.

Mesmo depois de dois mil anos de Cristo insistimos em viver nossa individualidade de uma forma egoísta sem nos darmos conta de que dependemos uns dos outros para nós realizamos e chegarmos ao limite humano que é encontramos no eterno que é Deus. Esquecemos que precisamos da água, mas para chegarmos a água executamos do poço, da corda, do baile, do Sarilho e de que rode o sarilho, para enrolando a corda a água suba dentro do balde e assim chegue a cada copo, sem acepção de como seja a forma ou material do copo, sem uma sequência de movimentos em comum a água não chegará até a boca sedenta.

A fonte sempre está disponível mas depende do nosso movimento como comunidade para que ela possa saciar a sede de todos.

É assim volto ao início do texto. Anos de movimento nunca estamos no mesmo lugar, mas por vezes continuamos estagnado diante o movimento que a vida faz, estando sempre em momentos diferentes com a mesma postura, esperando, esperando nem sabemos o que ou porque, ou pior nem a que esperamos. É infelizmente incapaz de reconhecer que a vida que nasce do Eterno que o amor de Deus vem até cada um de nós e vai passando. Passando despercebidamente e vamos em nosso egoísmo e individualismo deixando a graça passar despercebidos. Morremos de sede envolvidos a alcalinidade de mares bravios e sem coragem de buscar a água doce que cai das Chuva sobre nosso barco, sem a coragem de abandonar nosso barco miserável na praia e correr em direção aos altos montes onde as a nascente São doces.

Precisamos urgentemente de fazer uma releitura de nossa história e aprender a buscar o bem comum. Deixar como a samaritana que a leitura de nossa verdade se torne luz direção e água viva para a comunidade. Quando deixo que o Cristo venha e encha a pequenez de meu copo a sentido do copo que sou toma norma de vida a quem vier a mim com sede pois beberam do Próprio Cristo Deus vivo e não de minha pequenez humana. Então poderemos perceber que o verdadeiro sentido da vida será encontrado quando nos sentirmos parte transmissoras do verdadeiro amor, copos capazes de transportar cada um pouquinho de água para o sustento da humanidade.

O sentido maior de ser cristão católico e aprender diariamente que viver é dar condições para que os outros vivam.

A cada instante podemos ser melhores e o sentido e limite de nossa caminhada é chegar aos eternos acolhidos na graça de Deus em Espírito verdade.

Eduardo Batista Silva