HIATO(S)
Eu quero a não-palavra. Rabiscar o silêncio. Cuspir o inefável na cara do improviso. A não-palavra permite-me parar e ver o cenário: um lobo a ruivar, os homens roendo ossos, os mortos entrevistarem moribundos, as vacinas perderem suas amplitudes e os megafones aposentarem. A não-palavra é a arte do espírito. Que não espelha, não destila e não vinga. A não-palavra permite-me aproximar do que fui, do que finjo não ser e do que serei. E será silêncio. E o porvir. A não-palavra esconde o firmamento.