Passado sem fim
Toda hora que a saudade bate subitamente
De forma avassaladora,
Eu choro.
Percebo-me em prantos.
Porque as lágrimas são o meu sintoma da gente.
Sim, elas logo me indicam o motivo.
A razão da dor inestancável dentro do peito.
Instantaneamente, penso.
Vejo como éramos pelos detalhes mínimos.
Eu me recordo dos nossos carinhos.
Das nossas brincadeiras.
Dos nossos ciúmes.
Pego-me com uma baita saudade.
Saudade do seu olhar amoroso.
E do seu abraço que era mundo.
Sendo pequena, cabia por completo.
Meu Deus, mas já faz um tempo - ruim.
Dias, meses, anos, todos péssimos.
Não lhe vejo aqui.
Notei que não havia entendido nada ainda.
Eu ou você.
Tanto faz por assim dizer.
Eu não sei.
Ou melhor, eu bem sei.
A gente se deparou com erros.
Foram desvios e falta de sorte.
A tal da imaturidade da idade.
Temos esse detestável hábito
De nos julgarmos íntimos da vida.
Quando, na verdade, ela não passa
De um breve cumprimento dado.
No final das contas, mera conhecida.
Eu continuo necessitando do seu acalento.
Apesar do que se foi.
É tão difícil!
Sentimentos precisam ser colocados para fora.
Todas as dúvidas.
Também, as incertezas
Das circunstâncias desacordadas no coração.
Atordoadas.
O destino dirá se haverá você em mim.
Eu em você.
Nós assim.
Como fomos.
Intensamente, fomos.
Passado sem fim.