divagação filosófica ( ou, de quando já não encontramos o fio de Ariadne)
Eis que ando a duvidar se existo ou se ao que se atribui minha existência, não decorre de apenas aparências vagas. Dito de maneira mais direta: quando me vejo existente, não consigo deixar de pensar, sem contudo, também, não deixar de escamotear possíveis frustrações. Não consigo deixar de pensar se minha existência não seja a convenção de que existo porque alguém a isso dá existência. Sou existente por mim, ou, por alguém, externo a mim, que me dá existência?
Não me ocorre, nesse instante que escrevo estas linhas, que se eu, por decisão, revolvesse não mais existir, que mesmo assim eu existiria. Bastando que alguém a mim se referisse como ainda existente. Mas, daí, ocorre outro questionamento: se se admitir que a existência decorre a partir do Outro, como, então, mesmo que me dê cabo de minha existência, eu existiria?
Agora, ao fim dessa minha divagação, só tenho como resposta: existo a partir do discurso, da narrativa, da historicidade que alguém se dispõe a fazê-lo. Em resumo: somos discursos, somos narrativas que, esgotada nossa materialidade, se empenharão em nos dar sentido e existência.