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UM PONTO


Há sempre um ponto de cor em mim,
aquela insistência em meus olhos,
luminosa e âmbar.

Há sempre a poesia de ombros curvados
sentada ao meu lado,
apreciando em silêncio
- tal como eu -
a vida. E quando
dialogo com ela,
as sobrancelhas em harmonia com as têmporas
desenham a ironia que chega às raias da gargalhada.
Mas a poesia, ainda que sem paciência, me explica. Mais do que isso:
me desenha, zombeteira, e, então,
consigo ter a consciência de sei lá o quê...

A vida, então, parece mais fácil, mais leve e menos complexa,
tenho a certeza disso...