Essa é sua vida?
Quando a lua surge na solidão, os astros trazem para nós um sopro de escuridão. Desperta dentro do peito uma vontade infinita de pensar. Mentalizar aquilo que durante o dia não foi possível, porque, no delírio da correria, na velocidade das relações e no improviso da vida é humanamente impossível encontrar consigo mesmo. Por isso, quando os olhos cruzam a janela do quarto e o breu é refletido ao rosto, o coração palpita como se quisesse falar, e de fato quer.
O pensamento inconstante de um dia vivido no automático é surpreendente, pois não consegue se desligar facilmente daquilo que chamamos de vida. Nessa hora, a ansiedade é tamanha que já começamos a sofrer pelas tarefas exigidas à posteriori, sim, contradição.
Nem tudo que lemos foi lido, nem tudo que olhamos foi visto, nem tudo que falamos de fato expressou, nem tudo que sentimos existiu, porque uma ilusão é tomada quando o sol aponta naquele velho e longínquo horizonte. Celular desperta, o barulho da cidade invade os ouvidos, e não tem solução, aquela obrigação esquizofrênica de viver sem viver é mais forte que qualquer edredom.
Festa de pensamentos, devaneios esotéricos e puxão de realidade, que na verdade, não passa de falsidade.
Vida que agoniza, sonhos de ilusão, poeira de consciência.