** FALO OU NÃO? **
Falo ou não?
Engulo o choro?
Silencio e calo?
Quem fala é o falo.
Bata! Revide!
Senão te bato!
Onde guardo minha fragilidade,
meus medos, sem parecer covarde?
Quero gritar para o mundo,
mas calo, amontoando medos
e cobranças onde não falo.
Nos meus cuidados
esqueceram de mim,
e o calo dói em meu caminhar...
O que não falo
quer apenas amar.
Não me cobrem tanto,
deixem que flua meu lado manso...
Não me elejam
para o que não fui eleito.
Que corram as águas em meu rio,
meu próprio leito...
Cortaram meu leite e deleite
tão cedo exigiram valentia,
vida doentia.
Deixem, enfim,
que amadureça o fruto em mim.
Não importando que esteja tarde,
pois meu corpo pede, a alma arde.
O que falo
não é do macho provedor,
mas do que chora e sente dor.
Falar?
Não falo,
engulo o choro, me calo,
pois assim me ensinaram.
Sua saia me faz sombra
sou bomba prestes a detonar.
Filho, que tu sintas o que não senti.
Que o afeto quebre o vidro do parir.
(Taciana Valença)