______________________________LÚCIFER
Lá estava - dilatado e belo, provocado sombra em minha parede durante a madrugada.
_ Um sentido propriamente humano. - Balbuciou. _ O que foi? - Questionou-me misturando-se aos ruídos dos meus passos. E, num segundo, era ele a casa toda e não apenas uma brecha na parede. Mas não me importei.
_ E todos aqueles fragmentos caóticos pelas avenidas? - Indagou-me.
Ele é queda! E fazia-me pensar aos pedaços.
Às vezes, de palavras noturnas, ele aparece. Exclama com voz triunfante e por momentos com o semblante paralisado.
_ Está a perceber? O bater das asas...
Faço que não escuto mas, de relance, percebo o par de vultos cabisbaixos de suas asas.
_ Teima em atribuir um sentido para a existência? Sorria. Tola! É uma escada interminável. - E encheu os olhos de céu. Mas, das características primitivas.
Rodeava-me e com ele uma centena de almas emergindo por trás de suas asas. Legião.
Estendi-me no sofá. Contorcia-se a todo o instante diante de mim. O teto coberto por nuvens negras. Mas a luz dele era ofuscante no meio de toda sombra. Num determinado momento, abraçou-me com força. Os pés erguidos do chão. Veio a sensação de estar mergulhada num sonho doce e quente. Ou a de beber um copo de água no deserto. Embaralhou-se logo depois num turbilhão dentro de si. Foi-se. Percebido da minha finitude e eu da sua alma despida de sonhos.
Escrita ao som de:
Emotional Orchestral
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