FOI ÀS 10 EM PONTO_________________________________________
À esquerda de mim, a tranquilidade, quando não norteada pela agenda,
sem nunca tirar os olhos, eu passei à frente de mim.
Fiz um café, estática a perder de vista o relógio - o tempo é um carrasco.
Foi às 10 em ponto, amanheci descascada de sonhos. Distante da multidão obscura das calçadas e convencida de que não seria plural. Como poderia eu discutir comigo? Que se amarrem bem à felicidade, pois cá estou hoje comigo - subitânea.
Ouço vozes feiticeiras que me sussurram desde o berço. Desatei a rir, ergui os olhos ao teto, foi como defender-me da minha alheação, do ontem colhido pela minha mente, turvando-me a cabeça. Os meus olhos têm o dobro da minha idade e atirados às janelas - poetizam. Livram-me da mortalha da vida com suas normas utilitárias e suas práticas.
O ato de mastigar - hoje foi mecânico -. O que foi? Isto nunca te aconteceu?
O melhor que pude ser hoje não me bastou... estou em (des)construção diante dos meus passos quebrados.
Escrita ao som de:
Classical Ottoman Music
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