E GRITA____________________________________________
E vem - multidão em seus ponteiros - e grita - agoureiro - o Tempo!
Vem na urgência e vivendo entre os próprios ruídos - tic tac tic tac,
assombra entre o ruído e a confusão. Me vem talhado de ontem. Sempre ontem...
Vem me confrontar com as suas pressas e desta necessidade de bater e destruir à cabeça do poema. Vem afirmação de que nunca me haverá tempo... E não haverá, nunca houve - desde que nasci.
Às vezes lhe sorrio o que me resta,
emotiva,
atormentada,
experimentando a sensação de ser ligeira e,
mais ainda,
ele me precipita os seus ponteiros.
E grita, colaborando com o vocabulário amarfanhado de certezas
- e permaneço -
pequena e muda diante do mundo,
na absoluta incapacidade de vencê-lo,
de tal modo,
que me vejo nele
- carne e espírito -
fosse qual fosse a engrenagem,
presa na tendência de suas pulsões....