______________________________________NADA
Não me importa o que o mundo coroa,
nem a cidade imunda,
o encanto nas prateleiras
e a tez pálida das boas maneiras.
Nada, quase nada mais me importa
a vibrar por detrás das propagandas.
O que me embala no dorso do mundo
- ah! -
as palavras fecundas de poesia
sob um teto imenso de estrelas!
E, quando , meus pulmões já inflados de letras
- ou espinhos -
pouco importa! Sigo! Não temo mais as convulsões,
as tormentas,
os cortes e nem quando
- esquartejada -
e que assim me faça a vida!
Sigo, sigo... Sigo! Ao mais profundo de mim
- atufada de sonhos - ou pesadelos ,
num sono profundo ou ignorando o mundo,
eu sigo! Mesmo que a morrer de frente do espelho,
eu sigo!
Sigo, criatura errante, humana, vencida pelos ponteiros,
lançada para o horizonte,
apatriada,
tal como a um pássaro que sonha a eternidade nas asas
e que não procura mais o abrigo de um porto.
Sigo - olhos famintos - à voraz ironia da vida.