TEMPO
Não é logicamente mensurável, quiçá entregue ao toque de mãos eternas. O tempo é o delírio da alma que grita pela velocidade da ansiedade e engole o amargo sabor da labuta.
Não há como escapar. O tempo é pontual, invade, não pede licença e carrega todo escombro de qualquer vida. Não há dinheiro que compre o tempo que passou. Ele passa, atropela e não volta. Impávido igual água corrente, silencioso como o céu, tranquilo como a noite e forte como o amanhecer. Não polpa. É exato. Não é cíclico, como o ponteiro ameaça, muito menos calculável. É a devastação de toda lógica humana, embrenhada em tentar decifrar grandes coisas, quando não consegue, sequer – ou pensa que conseguiu, entender o misterioso delírio do TEMPO.
Vem, passa ligeiro, engole as vidas que a ti se entregam e deixa para trás o vago sentimento da memória, aquela que não é confiável, pois é apagada como areia da praia.
Levanta e acorde aqueles que de ti dependem, trace a vida daqueles que em ti encerram, rasgue a carne daquilo que não te enxerga. Desperta aqueles que estão hipnotizados pela sua sensação e mostre-os que a vida, ah, a vida é um sopro.