humanidade digital
todos a meu redor
exalando alter ego, autossuficiência e amor próprio
preocupados manifestando se importar com silêncio alheio
com a risada entristecida do menino da praça
discursos e textos prontos
empatia, resiliência e persistência na ponta da língua
sob à ótica de uma tela de celular
passou na rua, o mendigo pediu um trocado
bom dia não recebeu, apenas cinquenta centavos
o colega confidenciou seu embutido desejo ao suicídio
aquele velho e pronto discurso veio à garganta
não recebeu nenhuma mensagem posterior
tampouco indagou como vão as coisas
não houve companhia para um sorvete
nem um ingresso para assistir o filme
enfermo é o tempo
das letras digitadas
e palavras iminentes pronunciadas
enfermo é o tempo
da obrigação preterida
e ações não cumpridas
talvez seja só questão encontrar
uma boa razão pra postar
o que dê mais vews
enquanto isso, submersos continuamos
à procura de contraprestação
da humanidade não aflorada
escondida sob o inconsciente