Minha fazenda, minha paixão
Risquei o fósforo e pus fogo na palha
acendendo o fogo no fogão a lenha
auscutei as batidas do coração que nunca falha
pois quando o assunto é roça ele empenha,
por querer me levar ao velho barracão
para fazer a ordenha do rebanho que por ele se espalha.
Fiz o meu café e coloquei pra esfriar
enquanto no canto da boca o cigarro de palha,
que alí ficava somente para a boca enfeitar
ia se movendo de um lado pro outro e calha
com esse meu jeito de caipira nato
que só deixa de ser, quando se põe a sonhar.
Mas a vida aqui é dureza e não alivia
quem se dispõe no mato a teimar em viver,
todo dia tem que matar o leão da magia
que é de tirar o pão da terra sem poder,
e é assim que o meu sonho parece realidade
vivendo feliz, onde o tempo é só por pura teimosia.
Ouço agora a voz da minha consciência
me chamando de volta ao mundo real,
para me dizer que devo pedir aos céus clemência
porque ser caipira hoje, não é nada normal,
aí eu olho pra janela o sol que desponta
e vejo que não passo, de um pobre animal.
Minha fazenda, minha paixão
que nunca passou de um sonho meu,
é o que alimenta esse velho coração
de um teimoso aposentado da cidade, quase ateu,
eu, ah! eu, já não tenho mais aquela velha esperança
de voltar a morar um dia no meu Sertão.