A imodéstia de Narciso
Não acho feio o que não é espelho
aprecio o que é alheio, contudo, não possuo!
Só a minha face verdadeiramente me pertence
de modo que devo honra-la
minha amada não carece ser comparada
é a mais bela, por ser minha eterna companhia.
Interagindo com o mundo
dizem-me que sou arrogante por pensar assim
mas não é bem justo a crítica que fazem
visto que, não seria o maior egoísmo exigir dos outros
aquilo que eu mesmo posso me dar?
Então serei mais sensato em querer muda-los?
para corresponderem as minhas expectativas
ao invés de serem aceitos como são?
Diante da minha face amiga eu me basto
Ela da o que eu preciso
a simples contemplação do meu reflexo constata isso
quando noto o singelo sorriso.
Percorro esse caminho que depende de mim
e bebendo desta água pura da fonte
sou a própria satisfação
por herança genética da criação
Inspiro aqueles que tem esta sede
para serem auto-suficientes
pois é amando a sua própria face
que se descobre a capacidade de amar outras.