Silêncio
Sabe aquele silêncio que inevitavelmente invade nossas existências?
Ele aparece, geralmente, quando nossa cabeça está conflitando com ela própria.
Faltam palavras, ânimo, vontade.. de levantar, de ouvir o barulho da cidade, de encontrar com as pessoas...
Quando percebemos que as amizades são frágeis, as relações são lindas virtualmente, mas desastrosas fisicamente.
No embrenhar da noite escura, o silêncio reconfortante e ao mesmo tempo ensurdecedor chega e ocupa os espaços e as facetas da alma.
Tudo parece lama, concreto, sonho, água corrente, pessoas, morte, vida, relógio e escárnio.
Lama de pensamentos maldosos.
Concreto de corações frios.
Sonho de algo que está longe.
Água corrente de sensações.
Pessoas que mentem.
Morte que assusta ao mesmo tempo que alegra.
Vida que dá forças, ou forças que dá vida.
Relógio que não para.
Escárnio. Escárnio. Escárnio cometido pelos indivíduos que se julgam superiores. Escárnio de falsidade, de tanto faz, de se vira, de cada um por si.
Silêncio é o que resta de uma vida que não sopra, que não volta.
Vivos estamos, e o silêncio é a válvula de escape para tantos momentos de impasses sentimentais e psicológicos.
Silêncio, o remédio que consola a alma. Que limpa a lama. Que amolece o concreto. Que permite o sonho. Que tem som de água corrente. Que analisa pessoas. Que cala a morte. Que escuta a vida. Que não depende do relógio. Que apaga ou ascende o escárnio. Silêncio.