Chuva nostálgica
Então vem a chuva, carregando consigo um acervo de recordações.
O cheiro de terra molhada intensifica a sensação de viagem no tempo.
Memórias saudosas e angustiantes ressurgem, os olhos marejam.
As lembranças da velha infância são as primeiras a surgirem...
Como era boa a garoa no fim de tarde, após chegar da escola.
A temperatura exigia um copo de chocolate quente, preparado e servido com todo amor pela mãe.
Momento adorável e marcado por tanta simplicidade.
Mas, nem todos os pensamentos trazidos são agradáveis...
Se por um lado a doce nostalgia se apresenta, no outro é a vez do frio reviver ocasiões traumatizantes.
Uma triste junção de choros sofridos e oportunidades perdidas.
Bagagens de desilusões acompanhadas por perdas irreparáveis.
Pessoas que confiávamos tanto já não existem mais.
Gradativamente foram se tornando desconhecidos.
Ciclos encerrados mesmo com o desejo de serem eternos.
Entre tais reflexões, o temporal cessa e o brilhante sol aparece.
Esse clima radiante traz um simbólico lembrete de recomeço.
Apesar da chuva proporcionar tantos devaneios recordando o passado, ainda há luz ao redor.
Nossas escolhas hoje não precisam repetir os mesmos erros.
Aprendizados dolorosos são eficazes em clarear o caminho.
Com o brilho solar enxergamos o presente, pronto para ser vivido.
Por meio dele podemos ter um futuro com outros desfechos.