O QUE SERÁ DE MIM CORAÇÃO?
Sentada no sofá da sala, numa tarde de agosto fria e cinzenta, pensando na vida que eu tinha, na que eu tenho e naquela que eu gostaria de ter, pensamentos a mil, lembranças fluindo e junto com elas um misto de sensações.
O medo se sobressai a todas elas me fazendo duvidar daquilo que fomos, somos ou se futuramente ainda seremos, sinceramente eu já não sei e constatar tudo isso traz um tipo de medo diferente.
É inexplicável a sensação que se tem quando passamos a duvidar das próprias memórias, fico tentando me lembrar se você sempre foi mesmo assim ou se existiu um momento entre o passado e o presente que te transformou nesse ser intragável, realmente eu não sei, vasculho as lembranças uma a uma na tentativa falha de encontrar o momento que te fez mudar, tô só tentando descobrir quando você passou de "ogrodoce" (era assim que eu te classificava) para um completo babaca, e a verdade é que eu não sei.
Talvez você sempre tenha sido esse ser amargo e a paixão tenha me cegado, hoje com um olhar mais clínico consigo perceber que eu não me encaixo em você ou seria o contrário? Eu me questiono com lágrimas nos olhos pois me recuso a aceitar que eu estive errada em acreditar esse tempo todo e que a verdade nua e crua é essa mesmo: Eu e você jamais seríamos nós afinal, não posso amar por nós dois, não há coração que aguente e é por isso que a muito tempo o meu anda despedaçado, pobre coitado, ele está cansado de toda essa situação só que lá no fundo ainda insisti em alimentar esperanças de que talvez em um belo dia, você possa acordar e enxergar a mulher que eu sou, o pior é a incerteza afinal nós sabemos que talvez esse dia nunca chegue e então eu te pergunto o que será de mim coração?