Onde está o seu silêncio?
Eu queria poder reescrever a história do mundo junto a minha; viver para mim e nada mais, não ser escrava dos tempos líquidos. Mas quem sou eu? Quem somos nós? Será que fazemos o que é certo ou o que ditam sê-lo? Nos orgulhamos dos nossos feitos ao fechar os olhos e dormir?
Pausar o tempo parece um artifício do além. Quem me dera ser o além e não ter que me preocupar com os boletos da existência. Estou cansada de todos que me cercam. Olho os arredores e não vejo nenhum rosto familiar, por mais que os conheça. Diria que um dos meus maiores sonhos é encontrar alguém que possa, além de dividir os pesos da vida, ouvir os meus silêncios. Eles têm tanto a contar.
Ninguém deveria alarmar-se por isso, sim ficar em paz, entrelaçar as mãos e perceber o que possuem (mesmo que seja o nada, possuem juntos esse nada).
Por que nós insistimos em acreditar que tudo deve ser dito a qualquer momento? Aprendam com a música, ela é a harmonia entre o som e o silêncio. Sem os dois juntos não há música, há barulho. Reconheço que para falar fazemos silêncios, entretanto não se incomoda uma alma pensando neles, afinal, tudo ficaria sem sentido e o falante perderia o fôlego sem eles. Qual o motivo de não entenderem a culta divindade do silêncio então?
Talvez reescrevendo a história do tempo possamos mudar a nossa.
Você já fez e sentiu os seus silêncios hoje?