oOol SEDENTÁRIA E ALGO MAIS loOo
Duas coisas que não abro mão: sedentarismo e solitude.
Ah! Preciso de ambos!
Não me chamem para exercícios. Há gente demais zangada nas calçadas em prol da boa forma. Não se iludam, estamos todos a perder os privilégios dados pelo tempo (ou a vida). É parte de mim caminhar quando sinto vontade mas nada que beire um serviço militar obrigatório. Sou sedentária. E não me venham com tretas sobre saúde. Saúde para mim é poder não ter de cumprir metas para resgatar o défice deixado pelo tempo. O que é que queiram para mim - não cabe.
Não me chamem para muvucas. Há gente demais sorrindo superficialmente em meio ao caos de gargalhadas e selfies. Vou quando quero, e até gosto de festas. Mas, os influencers que se cuidem, mas eu continuo aqui, regando a minha solitude e com gosto.
Solitude é algo tão vital quanto o ar para mim. Preciso dela para respirar, criar, ler, ser, existir, acalmar... Ainda que seja uma hora, preciso dela. A saúde do meu sistema existencial depende desse silêncio. Quando acordo, por exemplo, preciso de um tempo e silêncio à medida em que vou me levantando. Não é todo dia, mas quase sempre. Não cumpro contratos com os ponteiros, ao mesmo tempo em que chego na hora se algo foi marcado, vou. Vou, mas metade. Preciso de um tempo para uma certa blindagem mental.
E olha que eu acordo corajosa para mais um dia, ou menos. Amanheço tranquila, ouvindo o som dos passarinhos, tomando café enquanto circulo pela varanda, sob o sol mas na convicção teimosa de que preciso de um certo tempo para não me deixar contaminar por esse estado de calamidade que tem sido o mundo. Uma pequena folga à beira da trincheira.
Independente da aprovação do mundo, e essa campanha miserável que é feita na criação de tendências existenciais, sigo, contra ventos e marés. Ignorando os especialistas na arte da persuasão. Pois é. Veio com modismos e tendências, pimba, tiro e queda, vou na contramão do santo graal de qualquer coisa que seja. Sabes que mais? O melhor é o caminho que quase ninguém pôs os pés. Quer dizer, às vezes é melhor ir no sentido contrário do fluxo, em contrapartida, entre perdas e ganhos, tentar em encruzilhadas, numa sessão privada da própria existência num momento em que o mundo rasga tudo por mera curiosidade, nada mais profundo. Olhares superficiais num estado qualquer que toda a gente conhece. Diferente de ter um livro à mão e, no garimpo de página após página, se vai até quase o infinito de outro ser. Momentos assim que perduram mais ainda na memória. Ah, não estou para hipóteses de sucesso. Amanheço sossego para o adiante ou avante, ou um quase nada, ou nada. Amanheço pronta para o que vier e troco o passo quando necessário. E é assim, desde que eu possa a minha primeira xícara de café com todo sedentarismo e solitude de que preciso.