de tudo
De tudo e de todos sempre se espera algo. Mas esse esperar não consiste em querer sempre ser o primordial. É um esperar com tempo, sem pressa, sem tumulto. Porque é disso que se trata. Esperar para o que tem que vir, que venha, sem pressa e sem tumulto. Levar a vida deixando que ela te leve. Como sentar numa roda gigante ou mesmo num barco a vela rasgando oceanos; parar no próximo porto ou não parar, seguir. De tantos solavancos, o velho morreu sem mágoas e sem saudades, porque viveu cada momento. E aquele que desistiu na primeira oferta da vida? Só existiu. Desse, que a vida parece não ter sido companheira, o que se pode dizer senão, e somente apenas isso, que transitou por ruas tumultuadas de gente, porém, tão absorto em si, que mesmo assim, estava só. Ou mesmo quando se deparava com a inevitável "companhia" de outras pessoas, por exemplo, no elevador, eis que, enterrado em si, descia no andar sem ter percebido que o elevador estava lotado. Acho estranho gente não gostar de gente. Ficar mergulhado em si, me parece refugiar-se em pensamentos tão íntimos que se resolver sair, não haverá porta. É legítimo que todos tenham seu tempo. É vital que seja assim, pois, só podemos conhecer os outros se nos conhecemos. Porém, levar a vida tomado dessa legítima decisão, penso que nossa imagem refletida no espelho pode estar ofuscada. A vida consiste numa constante troca de experiências. É verdade, que, às vezes, estar só ajuda, mas, isso é diferente de solidão. Estar só, é permitir-se um tempo consigo mesmo (estranho falar "consigo mesmo", um pleonasmo?), mas utilizo esse reforço linguístico com a descarada intenção de querer significar estar conectado em si, ou seja, nada, que está fora, nada deve interfere nessa relação. O por vir é tão mistério quanto tentar desvendar o segredo da esfinge. Só assim se pode caminhar, só assim se pode viver. Dar a cada qual o que lhe cabe; ninguém detém a fórmula da felicidade. Não há felicidade sem entender que cada passo tem sua exata distância. Não se anda com pé alheio.