Oxigênio
Meus pés não são bonitos, nunca foram, jamais serão. Essa é minha identidade, minha alma, parte de mim. Calos e bolhas para alguns é o fim do mundo. Para mim são provas de que eu posso sobreviver e que eu resisto. Resisto tanto, que arrisco, quebrar o pé a cada segundo que calço esse troço que amo odeio incondicionalmente. Eu respiro por isso, e é por isso que eu faço valer a pena todo o oxigênio que circula em meus pulmões. Essa é a parte mais sincera do meu coração, eu sou o que você vê, quando me vê dançar. O que talvez você chame de dança, eu chamo de oxigênio, de alívio, de sobreviver. Sim, no infinitivo mesmo "sobreviver" porque é exatamente sobre viver que eu falo. Eu só danço porque meu sangue dança em minhas veias. E é exatamente para não dançar que eu danço.