Então, ele partiu...
Acordei, nesta manhã, meio sem saber o que fazer.
Fiz café, como de costume, sentindo que faltava algo.
Lembrei-me de que não havia mais como cuidar dele.
Senti um vazio imenso, tipo está faltando alguma coisa.
Veio à mente a ideia de que o havia abandonado, no dia anterior.
Não, eu não fiz isso!!!
Mas me sinto assim.
Não preciso separar sua medicação,
Não preciso revezar com os outros,
Não preciso comprar equipamentos médicos,
Não preciso limpar seu rosto,
Não preciso limpar seus olhos,
Não preciso pingar o colírio,
Não preciso...
Mas gostaria de continuar fazendo tudo isso.
Apenas gostaria que ele estivesse bem.
Como não tenho controle, deixo nas mãos de quem tem.
E Ele controla e cuida de todos nós, nos mínimos detalhes.
Não estava presente na sua partida.
Mas acompanhei sua ida.
Triste por vê-lo como estava.
Feliz por saber para onde foi.
Agora, pelo que creio, ele está nos braços do Pai.
Nada mais importa.
Fica a saudade,
Fica a dor,
Fica, também, o exemplo.
Homem, marido, pai, sogro, avô e bisavô.
Defeitos, alguns.
Qualidades, em muito maior quantidade.
Fui genro, apenas no papel.
Chamei-o de pai.
Chamou-me de filho.
Para alguns, pessoa comum.
Para mim, exemplo.
Usado por Deus, mudou minha vida.
Quanta honra, quanto privilégio, pelo tempo em que pude com ele conviver.
Quando precisei, cuidou de mim.
Quando precisou, eu estava lá.