DIA DOS PAIS

Por Pe. Jorge Ribeiro

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‘Ninguém ama seu pai porque é o mais bonito ou talentoso, mas porque é o seu’. Basta isso. Parafraseando o pensador romano, cicerone que dizia isso a respeito de sua cidade. Todo mundo escrevendo, postando mensagens e outras manifestações sobre os pais e seu dia, mesmo aquelas pessoas que não deram ou não dão a devida atenção e importância acaba por manifestar sentimentos e sentimentalismos sobre os pais e seu papel. Resolvi também escrever algo, espero que não seja assim convencional e corriqueiro. Mesmo porque busco sempre fugir desse estigma do “normal”, vejo como encarnação do marasmo. Tudo igual, tal e qual, que falta de criatividade. Não precisa ser estranho o chamar atenção, basta tentar viver e dizer como realmente se sente, não como convém para agradar quem quer que seja.

Meu pai gosto e amo porque é meu pai, independentemente de qualquer outra situação, qualidades ou defeitos. Sem essa questão de endossar ou fingir afetos e gestos que não se tem no cotidiano. Tanta hipocrisia e tanta fachada, isso me sufoca realmente. Os que estão próximos ou que tem algum tipo de ligação, merecem o nosso respeito, atenção e cuidado, independentemente de exaltações ou de exacerbados louvores.

Como meu pai me tratou e trata? Como ele sabia e aprendeu, como a sua consciência paternal ditava para atuar. Cada pessoa filho do seu tempo. Sem fantasias e sem ilusões. O porém, o mas e o se são suposições e tipologias. Cada circunstância leva as pessoas a evidenciarem o que acabam por serem de fato e isso é que faz a beleza e a perfeição da criação. A relação que cada um tem com seu genitores é particular, incomunicável e intransferível. Cada um experimenta a presença ou ausência de modo diferente. Sem essa de massificar ‘nosso pai sempre’, pois o que é válido para um dos filhos pode não ser para o outro. Importante é o amparo, a tenção e acolhimento, de modo muito especial nos momentos de velhice ou de enfermidade. A indiferença, o desprezo ou a reprodução de sentimentos sofridos é algo tacanho, de uma mediocridade indescritível. Se o pai ou mãe agiu dessa ou dessa maneira e você agora quer usufruir dessa ferida ou diferença para fugir se seus compromissos e responsabilidades, não se justifica e muito menos diminui a sua pequenez perante a própria realidade.

Independentemente do lobby do comércio ou dos clichês que todo dia é dia dos pais, o fato de poder celebrar e comemorar é uma ocasião de viver o fator unia e família, oportunidade de aparar arestas e superar lacunas e fortalecer laços também. A família diz tudo que alguém é, pode correr, fugir, negar ou se esconder, mas cada qual acaba por denunciar a origem, o berço de onde foi gerado e educado. Para isso existem os lapsos, as falhas, os mecanismos de reação que confirmam. Por mais que alguém renegue, mais ainda manifesta certas características. Ser filho é acolher, amparar e olhar com compreensão os pais. Ser pai é incentivar, cuidar e olhar com esperança os filhos, deixando voar livremente, ainda que seja com o risco de cair, como faz Deus-Pai. Parabéns a todos que exercem a paternidade. Feliz dia dos pais para todos nós!