Alfabetização e letramento em língua materna e em matemática

Dentro do processo de Alfabetização em Língua Materna, percebemos a existência de duas visões: (1) a Alfabetização considerada como de caráter restrito e; (2) o Letramento, interpretado como um processo mais amplo.

Na primeira visão temos a Alfabetização em Língua Materna, quanto ao domínio de códigos e símbolos, Logo, esta visão privilegia aspectos organizacionais e sintáticos da língua. Assim sendo, a segunda vertente, o Letramento em Língua Materna, caracteriza-se como um processo mais amplo, por não se ater ao domínio de códigos e símbolos e incluir reflexões sobre significados do que se fala, lê e escreve em variados contextos com suporte cultural e social.

Considerando as duas visões aqui abordadas, entendemos que uma enfatiza a codificação e decodificação dos símbolos, e a outra, o significado. a Alfabetização atual não é ensinada a partir de textos artificialmente construídos para a aquisição de técnicas de leitura e escrita, mas, por meio de atividades de Letramento, de leitura e produção de textos reais, ou seja, de práticas sociais de leitura e de escrita.

Perspectivas de Alfabetização e Letramento em Matemática: relações com a Língua Materna

Na perspectiva de Skovsmose ( 2008) e Skovsmose e Niss (2008), depreendemos que o conhecimento matemático emerge dentro de uma sociedade macro e globalizada, envolvendo diretamente aspectos sociais, políticos e técnicos, indo além da aquisição individual de códigos e da habilidade para calcular e usar técnicas matemáticas formais. Tal ideia afina-se a um processo de Letramento em Matemática a partir do Letramento em Língua Materna. .

Para D’Ambrósio (1986), o conhecimento matemático emerge dentro de um grupo ou comunidade, com seus aspectos culturais e sociais subjacentes, sendo estes analisados a partir de uma perspectiva histórica e cultural na sociedade global. Desta forma, suas ideias também se inserem na perspectiva designada, aqui, como Letramento em Matemática6 , pois vinculam-se primordialmente à reflexão de conhecimentos culturais advindos de comunidades ou grupos sociais.

Nesse processo, o autor prioriza análises críticas e interpretações de um contexto, para a aplicação e o uso de códigos e métodos adequados àquele grupo. Logo, tradição, cultura, reflexão, conscientização e conhecimento matemático estão presentes em todo o processo que, nestes moldes, perpassam toda a vida dos sujeitos aprendentes, sendo de tal forma inconcluso – o que reforça sua inserção na perspectiva do Letramento em Matemática. Nesta perspectiva, as práticas variam de acordo com o local, com o uso específico e dependente da linguagem, da religião e dos valores culturais nos quais o conhecimento se desenvolve e é utilizado. Assim, resgatam-se diferentes ideias e pensamentos matemáticos em seus contextos de uso.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SKOVSMOSE, O. Desafios da reflexão em educação matemática crítica. Campinas: Papirus, 2008.

D’AMBROSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre educação matemática. Campinas: Unicamp, 1986.

Raquel Barbosa Nogueira
Enviado por Raquel Barbosa Nogueira em 07/08/2019
Código do texto: T6714802
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