O Espírito Gentil e a Felicidade
O homem é um ser social. Desde tempos remotos, antes mesmo da revolução agrícola, há cerca de 70.000 anos, o homo sapiens foi se organizando em sociedades ao deixar a caça e a cata de alimentos para desenvolver o cultivo de alimentos. Foi deixando de ser um ente nômade para passar a viver de modo mais estacionário e, consequentemente, aprimorando o relacionamento entre os indivíduos no sentido de dividir as atividades, tanto produtivas quanto hierárquicas. Este aspecto antropológico é importante para entendermos que as sociedades modernas tem na relação entre os indivíduos a base do seu sucesso, isto é inequívoco.
Por outro lado temos que o desenvolvimento de cada grupo tem na cooperação um instrumento alavancador do seu progresso. Esta, por seu turno, pode ser obrigatória, pelas atividades que as pessoas são responsáveis, ou espontâneas e amistosas, de acordo com a empatia e a atitude pró-ativa do ser humano.
É com base neste aspecto das relações humanas que observamos, inequivocamente, como se dão seus resultados, seja em que área de conhecimento se examine: científica, artística, filosófica ou qualquer outra. A pessoa humana que sabe receber a outra com atenção, que sabe ouvi-la e responder cuidadosamente despertará no seu interlocutor uma fagulha de admiração pelo ambiente gentil estabelecido. A pessoa que sabe se dirigir a seu semelhante com educação e respeito provocará uma reação semelhante. Pelo menos intuitivamente, podemos tomar as assertivas como verdadeiras. As ciências sociais, com efeito, também as confirmam.
É de gentileza que estamos a falar. A boa convivência traz muito mais satisfação ao ser humano do que a hostilidade e o espírito belicoso. Fazer da existência uma fonte de boas ações e de ajuda desinteressada move todo o círculo social do homem em uma espiral virtuosa. Ninguém nunca se arrependeu de pedir as coisas com obséquio ou de agradecer as ajudas, mesmo a mais simples providência, com que foi agraciado.
Já é época de consagrarmos a gentileza como um princípio humano de onde sucedem as nossas ações cotidianas. Podemos viver com menos. Façamos da doação, material ou de disponibilidade e conhecimento, um modo celebrar a vida que temos. Pratiquemos a cordialidade no nosso convívio.
Nunca tivemos um momento tão propício para uma prática semelhante, tanto por cada pessoa quanto pela coletividade abstrata, seja ela chamada de sociedade, de mercado ou de economia.
Há fluxo vital em ensinar e aprender, cada ser humano que conhecemos é um professor em potencial e, também, são inúmeras as pessoas que podemos alegrar em dividir o nosso saber. Não há como não considerarmos que essas ações não sejam um modo de pavimentar o caminho para o regozijo de contribuir para o bem da humanidade e ser feliz.
E qual a nossa missão, senão a elevação e a felicidade?