1171 palavras ansiosas
Eu tenho esse terrível habito de compartilhar o que eu penso sobre ti com você, te colocando em uma posição desconfortável, mas todos meus relacionamentos são baseados em desconfortos. Então eu vou descrever do meu ponto de vista o primeiro momento desconfortável que tivemos.
Você sentando no banco do seu condomínio, estava levemente tremulo, talvez pela minha presença, talvez pelo frio, mas eu gosto de acreditar que estava calor nesse dia. Não te achava atraente, magro e branco demais para qualquer padrão que eu mantinha. Te beijar era um tabu para mim, na verdade, com qualquer indivíduo acima da categoria de “um beijo de uma noite”, o desconforto de mais um beijo malsucedido entre nós me assombrava, e os meses de conversa me deixaram nervosa e ansiosa, um assunto um tanto quanto velho para mim. A simples ideia de te beijar remexiam meus nervos cerebrais e me dava enjoo.
Trocando de assunto, eu preciso te superar. Sem dúvidas necessito. Para isso vou despejar acontecimentos dolorosos demais que eu considero injustos ficarem somente para mim.
Para você, as ansiedades de um ansioso congênito:
Gostaria de introduzi-lo as pequenas ações que me confundiram. Porém devo lembra-lo, que esse “depoimento” não aponta culpados, somente os anseios de alguém confuso por simples passos descuidados.
Devo começar com um arrependimento dentro de uma ação confusa. No começo, você queria me ver assim que possível, isso me fez eufórica, alguém precisava ver meu rosto, mas evitava esses encontros, desejava algo esporádico, algo único, e você queria me ver no dia consecutivo, reclamava sobre como eu evitava e aparentava não querer te ver, esse foi a ação confusa, o arrependimento é a inevitável vontade de ter te visto todas as vezes possíveis.
Gosto de lembrar do calor da sua cama e como você me deixava ansiosa durante o sono. Gosto de lembrar de você me segurando, tentando evitar os nocautes sonâmbulos vindos de mim. Gosto de lembrar de ver você dormindo. Nesse ponto, eu te achava lindo até dormindo.
Eu gosto de categorizar certos momentos da minha vida. Esses momentos são os assim proclamados “Um momento de calma”, ou “Calmaria”, ou “Antes da tempestade”. Não estranhe o pessimismo, sou ciente da ideia que todo relacionamento tem validade, e eu sabia que o nosso pequeno relacionamento tinha validade minúscula.
Você me deixou confusa quando afirmou que no momento, nosso pequeno e validado relacionamento era suficiente. Eu me apeguei nessa afirmação, mas dispensei a palavra “momento”. Por um momento eu fui suficiente.
Suficiente é a palavra que descrevia o que eu sentia quando estava nos seus braços, você me fazia suficiente. Nunca me senti suficiente para ninguém e seu pequeno afeto era o bastante. Entretanto Lucas, você não tem culpa sobre esse assunto, é a minha responsabilidade pessoal ser suficiente para mim mesma.
Entre muitos momentos que me sentia feliz e aquecida com você, existe também os momentos que eu sentia desejo por você.
Seus apertos de mão me deixavam desestabilizada. Não sei quanto as suas intenções, contudo mentalmente era uma bagunça. Em minha ansiosa cabeça significava duas afirmativas, você precisava me beijar devidamente naquele momento, a outra era a certificação que tudo estava bem entre nós, se eu apertasse em resposta, tudo estava bem, eu continuava sendo devota ao sentimento que nutria por você. Talvez o significado do aperto era reciproco, talvez não.
O antes da tempestade me trazia ansiedades. Sabia a validade, me conhecia o bastante para notar vícios comportamentais que me prejudicavam quanto a você, pequenos presságios.
O começo da ruina mental na qual me encontro se iniciou com pequenos hábitos que tenho. Hábitos não saudáveis que eu considerava necessários, pois demonstravam o meu melhor, e eu necessitava estar no meu melhor para você. Não comia por dois dias, o dia que te encontrava e o dia que passava com você. Gostava da imagem frágil que eu transmitia enquanto gemia no seu ouvido, pequena, magra e maleável era como eu precisava parecer para você. Não gostava de falar perto dos seus familiares, pois minha personalidade, em minha percepção é irritante, e tinha pavor de ser considerada inadequada para eles.
Você me ignorava as vezes, me afastava e era grosseiro. A parte carente considerava atraente, a outra paranoica via alguém perdendo o interesse de me impressionar, ou tratar com carinho, além do mais, eu afirmava minha devoção a você, logo, não era necessário da sua parte demonstrar algo por mim, eu era sua e você sabia disso. Bem, era o que se passava em minha cabeça, dois traços gritantes se digladiando em meus pensamentos instáveis.
Você me deixou instável, eu deixei você me desestabilizar, degradadamente você me afastava e eu te dava motivos para me afastar.
Quando o anseio de me ver acabou, o que eu fiz de errado, minha devoção não era o suficiente, quando eu me tornei não suficiente para você. Perguntas incessantes que me faziam perder o sono, apagar mensagens e dormir em meio a soluços.
Uma vez eu assisti um filme onde os sentimentos da personagem eram transmitidos por javalis em uma savana, correspondentes aos sentimentos conflitantes em meio a situação na qual ela e encontrava, entenda, javalis são os anseios, os pavores e dores que fulminantemente atravessaram sua mentalidade mal preparada.
O fato de você não me amar é o javali em minha mentalidade mal preparada. De novo, alguém no qual eu amava, estava dispensando meu amor.
Te considerei vazio, pois não queria aceitar que meu amor, por mais grande que eu considerava ser, não foi premiado com a reciprocidade vinda você. Te considerei incapaz de amar, pois a ideia de ver você amando alguém que não seja eu era dolorosa e egoísta demais.
Talvez esse texto pareça confuso e não coeso, mas é o meu estado mental, confuso e não coeso.
Novamente, eu preciso te superar.
As vezes queria te obrigar a falar o que esses meses significaram para você. Uma vez afirmei a perda de tempo na qual eu estava condicionada no nosso pequeno, confuso e não coeso relacionamento, e você se sentiu ofendido. Não perdi meu tempo, mas tampouco acho que aderi algo em sua vida.
Algo nunca discordado por mim foi seus passos descuidados quanto mim. Sim, talvez eu confundi alguns momentos e ações, mas eu lhe dou os créditos de bagunçar meus nervos cerebrais. Você me bagunçou.
Eu sinto enjoo pensando em você com alguém diferente. No lugar da excitação que eu sentia por pensar no seu cheiro, no seu calor ou toque, sinto enjoos. Você, de alguma forma me deixa desestabilizada.
Talvez eu esteja te superando. Mas ainda choro quando penso que nunca mais serei alguém importante para você.
Eu não quero pensar sobre você e sinto ansiedade na ideia de passar mais um dia em meio a isso. Todos esses sentimentos unilaterais são unicamente minha culpa. Eu os criei, você não cultivou, mas preciso te culpar por bagunça-los e confundir a direção na qual eles foram depositados.
Talvez eu esteja te superando. E eu preciso me contentar com o talvez. Eu preciso disso.