Uma leitura de mundo
Há no mundo
Várias formas de ver o mundo.
Com os olhos, com os dentes, com os artelhos do pé, com os túneis d'ouvido, com as portas nubladas e a mente vagando a névoa das conjecturas: a teu gosto.
Tens 'inda como ver o mundo no mundo, ou no refletir do céu ou do rio que repousa na forma de espelho e sonha quando dança em maré, ou mesmo pode lê-lo nos sentires incorpóreos ou sorvê-lo como quaisquer texturas ou textos.
Tens todo o tempo (e que és o tempo, se não uma mensuração da vida das flores no escorrer d'as estações?)
Tens todo o tempo em que teus pés desenham arabescos na terra, enquanto vagueiam n'o baile das identidades fabulosas,
Para ver, a teu gosto, o mundo.
(Pois a vida, menino, a vida. Esta coisa sem coisa que apelidamos de vida: nada mais é que um assistir ao mundo).