Tirania é viver num invólucro pra caber numa sociedade hipócrita em que as pessoas agem como se fossem semi deuses, aplicando juízo de valor como numa sessão de reiki em que se tornam canais de condução da verdade absoluta, separada apenas por aquilo que teve ou não visibilidade. Julgamento e pão com fermento crescem sem controle pra atrair a atenção para sentenças já esmiuçadas desde a concepção. Gente dura que cobra a dívida, mas deve ao padeiro; que veste Lacoste, mas despe a prole do direito ao alimento; que come mostarda esquentada no microondas mas arrota caviar ao molho inglês; gente que dura o tempo que for necessário para captar o vento bom e estocá-lo; gente que sabota a felicidade dos outros vendendo uma falsa imagem só revelada no travesseiro em tons negros que mancham a fronha. Tirania é poder soberano num mundo de gente que precisa de rótulo pra “ser vendido”, não basta o produto. Mundo cruel, melhor comprar guarda/chuvas, instalar para-raios, fazer uma oração ou chutar o balde... Tem dias que do outro lado da mesa a injustiça faz sapateado e só resta lamentar em letras garrafais e alto e bom tom. Tem dias que a justiça perde o equilíbrio.”