“Apesar de... A vida vai se alinhando feito corda de pipa. Voa pra lá, puxa pra cá... E vice-versa. Vai soltando aos poucos até que o vento seja generoso e passe a fazer seu papel de condutor, sem contudo, usar sua parte violenta pra afastar de vez a possibilidade de controle. Não há céus que suportem pipas voadoras pra sempre. Uma hora dessas cai. Lei da gravidade. Num intervalo entre o vento e um linha traiçoeira querendo ocupar o mesmo espaço, a linha arrebenta, enquanto esfrega uma na outra. E vai caindo de mansinho, até que se assenta num lugar qualquer, uma árvore, um telhado de casa... Linhas são fortes, mas o atrito as rompem e elas são levadas até que... E pra conduzir a linha, que depende do vento, vamos rompendo com nossas filosofias e praticando a tentativa como forma de impulso, sei lá, ou talvez como alternativa. Linha da pipa, linha da vida. Tão distante e tão perto. E eu correndo atrás da linha... Pra não perder a ponta, o fio, a linha...”