A sede
Sede...palavra de 4 letras que pode expressar bem mais do que uma simples necessidade orgânica de água.
A sede, pode-se assim dizer, é a precursora daquilo que nasce dentro de nós como uma vontade irremediável de possuir aquilo que não se tem, ou aquilo que se acredita precisar – nem sempre nossas sedes são bem fundadas ou justificadas por atos conscientes, sem dizer que muitas dessas sedes podem, a partir de si, criar outras sedes, que criam outras e outras, as vezes sem encontrar limite. Mas então qual a sede certa, ou correta, ou justa, ou realmente necessária? Acredito, caros amigos, que as nossas sedes são correntes que nascem de um poço profundo que se chama alma, e por ter essa origem, nem sempre vêm com uma explicação de seus porquês, ou tentativas de justificar seus anseios.
A sede corre por dentro de nós como o sangue corre por nossas veias, até desembocar num lugar chamado “encontro daquilo que se esperou/desejou”; mas não pára por aí, porque a sede existe até o último momento de existência do ser, seja essa sede boa, má, doce, amarga, justa ou injusta, ela sempre estará lá a um centímetro da escolha.
Não sei dizer se a sede do querer subjetivo é a mesma que temos no sentido orgânico: se não beber morremos, mas se beber vivemos; ou se o querer subjetivo, aparentemente insaciável, pode viver preso, confinado na caixa do “quem eu seria se fizesse isso ou aquilo”