Apesar de... Todos os dias levanto, mesmo que tenha que carregar a alma nos braços, como sinal de que acredito na sua auto cura. Estando ela enferma, frágil, nem se recusa a ser carregada porque sabe da relação parasita inevitável: nem uma, nem outra, resistiria. De vez em quando o coração bate mais fraco como se estivesse cansado. Também pudera, não troco a bateria faz tempo, nem levo para manutenção. É um problema atrás do outro, vamos colecionando frustrações como se o álbum da vida fosse completado por figurinhas. Mas mesmo assim, neste caco velho que só tem carcaça, o que salva é o motor e seu melhor combustível: o amor. Piegas, claro, mas poetas são essa espécie em extinção que veem borboletas azuis em dias nublados. Ilusão? Não, é sensação. Borboletas vivem no interior e são ótimas companhias da solidão. Metamorfose ambulante, talvez. Cabe bem numa taça. Se embebedar de sentimentos é tortura, mas a sensação de completude compensa. Se sair cambaleando valeu a pena. Das duas uma, ou mata ou morre. Lembrando que morrer é certo, matar é protesto. Assassinar o amor como forma de retaliar-se... Choram os Santos porque os Demônios estão em festa...