PROFESSOR e FUTURO... (TeXtículo)*

No Brasil, no andar da carruagem atual, ser professor será a profissão mais vulnerável, perigosa, alienada e alienante. Conteúdos e recursos tecnológicos serão controlados e manipulados pelo sistema político normativo que representa uma classe que tem a pretensão de manter o povo ignorante (alienado).

Esta situação obedece a uma lógica fundamentada em princípios para quem acredita ser dono do poder por meio do controle do conhecimento da população. Povo culto, informado e formado não interessa ao poder dominador. A elite está coerente em relação a esse procedimento. Princípios, e mesmo a ética, são sempre elaborados por grupos que impõe a outros sua ideologia.

A situação foi longe demais. O sistema elitista, ao perceber que pobre estuda e pensa, que a massa opina – apesar da ‘imbecilidade’ presente em muitas opiniões (Humberto Eco), interpretou o sistema de acesso ao pensamento acadêmico e crítico como perigoso. E, de fato, é. Para o sistema que precisa da ‘docilidade do comportamento’ nas ações (re)produtivas (Foucault), formação e educação não combinam com sistema produtivo cumulativo de lucros (riqueza). A socialização da produção e resultados do conhecimento (ciência) não interessa ao sistema capitalista.

Professores desempenharam um papel fundamental nos últimos 20 anos para mudar os ritmos sociais em relação à produção e socialização do conhecimento e crítica social. Mas não foi suficiente. Faltou produzir consenso sobre o processo de alienação econômica e social regido pelo sistema da elite mundial. Faltou articular união em torno das diversidades defendidas. O isolamento e fragmentação das diversidades, nas próprias defesas universitárias e estendidas aos movimentos sociais favoreceram o cerceamento dos embates coletivos pelos sistemas opressores que estão sendo formatados.

A universidade criou nos últimos anos mais ilhas de confrontamento que consensos de enfrentamentos. Se no passado próximo era possível certa maioria em torno de enfrentamentos de demandas coletivas, agora, isso simplesmente se reduziu praticamente a zero nos campos de luta dentro das universidades. As ilhas, com facilidade, serão esmagadas pelo atual sistema em ação no Brasil. Os consensos teriam alguma chance de mobilização.

Ser professor será o pior capítulo escrito pela história do futuro. As vozes críticas serão caladas, sem poder, nem direito de reação. O direito ser-lhes-á tirado antes. Muitos já estão em silêncio. Outros, ativos em redes sociais até pouco tempo, estão ocultos sentindo o devir do peso da censura já instalada. Perder o que o Estado assegura no soldo, que representa o sustento da prole, significa indigência familiar e social. Melhor se calar. Deixar de criticar o Estado opressor, mas que me sustenta, torna-se alienação necessária.

Nesse sentido, no Brasil, o futuro professor terá o papel mais tradicional possível: reproduzir o que os senhores do poder indicam que pode ser reproduzido.

Isso pode mudar mudando os rumos que estão sendo implantados. Para tal, não vejo forças mobilizadoras suficientemente empoderadas para o enfrentamento necessário. Somente o consenso social e consciência da nefasta perspectiva que a elite está instaurando poderiam mudar a tessitura social do momento.

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* Opinião.

Espero estar totalmente equivocado em cada pensamento publicizado.