Flutuando me
As vezes me dou conta de que sou evanescente, me sinto uma renda de fumaça.
Tudo a minha volta parece etéreo. Flutuo em mim mesma como um balão solto no ar. Me desespero, não consigo retornar ao mundo real e palpável. Vou fluindo em desespero diante da fragilidade das coisas. Nada parece sólido o bastante para me segurar. Quase desapareço em meio aos valores a mim impostos. Agarro-me a ideias e lembranças. Busco em minha mente os sons conhecidos, os desejos de infância, os amores perdidos. Quem sou eu? Pergunto em aflição sufocante. Não obtenho resposta. Um nó se forma em minha garganta, me sufoca, mas não o bastante para me dar sustento. Continuo me esvaindo, indo ...indo...
Então você acorda, e sua força e presença maciça me segura. Sua voz forte, me dizendo coisas que fazem sentido, vai aos poucos acalmando minha alma. Vou retornando a terra. Me agarro em você e você me aperta em seus braços sólidos. Me sinto de novo segura. Sua presença me contorna como uma concha ao redor da ostra.
Caio em prantos doloridos. Que seria de mim sem você? O mesmo de você sem mim.
Com certeza morreria. Preciso de você, tanto quanto precisas de mim.