MORDISCAVAM                     
 
Naquele momento caminhava pela casa, passos pequenos mordiscavam o assoalho. Atravessava, indisciplinada e pensativa, pairando entre uma multidão de ideias. Andava - contraste - do rosto do mundo. O vestido escuro, cabelos presos, murmurando versos...

Naquele momento, e num gesto semente, lançou aos corredores um sorriso - destes atrasados -, que penetram a memória num súbito. E ao chegar do passeio em si, fez um café.

Naquele momento, roçou os dedos sobre as teclas do piano. Nasceram pequenas notas perfumadas pelo sossego. Nada lhe preocupava, não a milhas de distância dos jornais. Hoje não amanheceu para as tristezas impressas vindas de dedos rendeiros das tragédias humanas.


 
Amanheceu poesia e ao som de:
Erik Satie - GYMNOPÉDIES No 1,2,3
oOoll NOTURNA lloOo
Enviado por oOoll NOTURNA lloOo em 09/07/2019
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