A ficha não caiu
A minha ficha ainda não caiu, eu juro não caiu...A sensação que tenho é que minha Rainha ainda está ali dentro do meu castelo sentada em seu trono de aconchego.?
Tenho me esforçado para redirecionar meus pensamentos para outras coisas, pensar em outros problemas talvez, por que não? Mas logo vejo que a dor que sinto não se compara a nada que vem a me afligir até porque a dor que sinto é flagelante, cruel e muito profunda, incomparavelmente pior, e as incansáveis lágrimas tornam a me banhar o rosto outra vez inundando meu olhar de inúmeros sentimentos, a missão dela foi cumprida pois me ensinou demais além de me amar incondicionalmente. O amor que provei do seu colo é o amor que quero espalhar pelo mundo.
Eu não sei o que pensar quando a sua imagem vem em minha cabeça, mas por alguma razão me sinto perdida e sem rumo. Outra vez sem nenhuma novidade meu sorriso é falso e desta vez acompanhado de dor extrema e morbidade, está doendo demais.
Aquele ataque forte e crise que costumavam me acompanhar quando imaginava ela sem vida, e agora que ela está mesmo, é de fato, os mesmos que me atacam de forma imensurável e agressiva, mas a minha tristeza me torna tão fraca que não consigo nem sair do lugar, mas a ansiedade me sufoca.
Eu olho para tudo ao redor e eu torno a dizer, a ficha não caiu, e o meu inconsciente não sabe se sente pena do que enfrentarei pela frente ou se ele me diz bem feito quem mandou tu ser covarde?
De fato todos partiremos mas inúmeras vezes eu gritei aos céus, aos ventos, ao universo ao dono da vida.... ME LEVA PRIMEIRO! Mais uma vez minha voz não foi ouvida. Egoísmo talvez! É quem nunca foi?
Quando eu era pequena dormia com seus afagos, quando adolescente dormia com os seus afagos e depois de adulta ela dormia com os meus afagos, deitava ao teu lado, acariciava seus cabelos, lhe contava o quanto a amava e pedia perdão pela covardia de fugir da sua presença pois sentia que ver ela partindo me matava demais, ela sabia disso. Quando meus braços se cansavam de acariciar os seus cabelos, segurava suas mãos entrelaçando meus dedos nos dedos fracos, cheios de tremedeira e tortos com a marca da idade, e eu sentia o quanto aquilo lhe trazia paz lhe mostrando que era amada. Agi na covardia porque fui a vida inteira assim, nunca enfrentei de frente minhas dores, ainda mais quando sentia meu coração estraçalhado, a ponto de sangrar dia e noite.
Ela se foi e a minha ficha ainda não caiu, e ai de mim quando ela descer, eu sei vai doer.
Não o tempo não cura nada ele te faz acostumar com a ausência, ele te faz acostumar com o que falta e o mal é isso, acreditar que o tempo cura e ele só cicatriza, a marca continua lá, o tecido não volta a ser o mesmo, não o tempo não cura.
Está doendo e estou perdida como criança desorientada no meio de uma multidões de desconhecidos.
Aquela velha e maldita vontade de vir a acabar com o meu fôlego de vida está muito presente e eu converso com a morte, somos velhas amigas, ela segura em meu ombro toda vez que penso em parar o meu sofrido coração, ela se foi e a ficha não caiu ainda.
Socorro irei gritar aos céus, aos ventos, ao universo e ao dono da vida...
Minha rainha deixou meu castelo vazio e cheio de dor, para onde caminharei se tudo aqui dentro me lembra você? A dor nunca vai passar, vou continuar sorrindo e brincando como sempre fiz, mas não o tempo não vai curar minha dor, amenizará tua ausência mas nunca tapar. Daria minha vida para não sentir metade do meu peito indo embora, mas se foi... e a eterna covarde permanecerá tendo a morte como aliada e levando a vida sorrindo. Adeus rainha levarei teu legado de amor. Estarei aqui sem você para sempre até o meu último suspiro de vida. AMEI VOCÊ É CONTINUAREI AMANDO. Minha ficha não caiu. Adeus meu amor e tentarei ir pelo caminho certo para ceiar contigo na mesa do pai.