A Farsa da Realidade*
Todas as vidas humanas parecem conectadas pelo elemento destino -- calma: eu explicarei com cautela. Não o "destino" que pregam os astrólogos e os religiosos de plantão. Mas o curso da Vida, que se resume em três partes distintas: nascimento, vida e morte. Algo parece nos igualar, por mais que tenhamos levado um vida diversa dos outros. Os ricos e os pobres (lato sensu) participam da história humana sob o mesmo sol. Conhecem o prazer e a dor. Caminham para um fim que iguala a todos no final da história.
Algo há que NÃO permite haver distinção entre os opostos e as nuances entre eles: nossas vidas tem um tempo de duração que, embora seja vário para cada pessoa, dá na mesma com a morte. A história humana é de uma simplicidade sem igual.
O que nos conecta nos faz parte de um todo. Por mais diferentes que sejamos uns dos outros, ainda teremos nossa história interrompida pela morte. Nada muda nada. Então, a ilusão deveria acabar. A ilusão de que algo muda algo -- se a história humana é uma roda gigante: roda sobre seu próprio eixo. Sem permitir deslocamento. Talvez aí resida um dos maiores argumentos de que Deus é criação nossa. Que a Morte desmente. Ou apenas oculta -- nos fazendo crer que há algo após a morte.
Não creio que haja. Mas creio na salvação pela morte. Os que levam uma vida marcada por desilusões, sofrimento etc., estão livres dessa estupidez desmedida que é-lhes imposta pela Vida. A morte, neste caso, é um ato de libertação definitivo. Até que Algo possa, com efeito, desmentí-la. Algo Impensável -- até o tão breve Agora. E Sempre.
NOTA
* Título original era "A Metamorfoice (& O Metamartelo)". Optamos por ser esse último mais adequado ao texto.