200 mil litros de nada

As coisas todas desabaram

Você sabe,

As finanças,

O trabalho,

A última rua sem buraco

Os caminhões começaram a passar por ela

E logo tenho esse caminho esburacado para atravessar

E meus pneus estão nas últimas

Então, preciso cortar caminho

Seguir desviando e alongando o caminho

Para tentar evitar um acidente

Quando paro para abastecer

O sujeito de boné pergunta da água e o óleo

Tudo O.K. eu digo

Mas nos dois sabemos que não esta

Só não quero ele me dizendo o que fazer

Para checar a água e o óleo, é preciso uma pausa

De no mínimo dez minutos, tempo necessário pro óleo descer

até o cárter

Se o sujeito de boné checar ali no momento

Do abastecimento, claro que estará baixo

E no meu ponto de vista, está tudo O.K.

Pelo menos pra quem olha de fora

O mesmo acontece com o cara do bar

Me pergunta se quero outra dose

Digo que sim

Mas não quero

Eu preciso

Assim como alguns precisam acreditar num Deus

Assim como quando criança, você precisa de um Papai Noel

De um coelho que traz ovos

De uma fada que lhe traz dinheiro

em troca do dente

Preenchendo o vazio com um bloco de espuma de sabão

Vai se sustentar por um tempo, e quando tudo desabar

Por um tempo, quem sabe quanto, as coisas estarão limpas

Enquanto isso eu nado

E me afogo numa piscina vazia

São duzentos mil litros de nada

E as feridas das braçadas

E tem as feridas das braçadas...

27/06/2019

10h34m

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 27/06/2019
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