Metrô SP

A estrutura social dos usuários do metrô de São Paulo pode ser identificada através dos tipos de fones de ouvido utilizados: wireless Blue tooth TM010S confere um título de aristocrata absolutista que jamais consegue dar ouvidos a alguém; Samsung com microfone sugere chão de fábrica (bons ouvintes contudo jamais podem ouvir demais senão haverá consequências); fones que copulam com o orifício auricular ao penetrar tímpanos certamente brindam a classe pagã que costuma entrar descalça na casa grande.

Livros são relíquias. Outro dia fui abordado por um arqueólogo que estava a prospectar a existência de vestígios de papel de celulose nos domínios das estações e vagões do metrô. Encoragei-o a visitar os banheiros das estações entre 4h45 e 4h50 da manhã.

Um importante e distinto Instituto de pesquisa divulgou semana passada o perfil religioso dos usuários do metrô, cujo espectro de abrangência atingiu 96,2% dos usuários: 1,2% se declararam muçulmanos (alguns afirmaram andar de metrô tendo como objeto de pesquisa as grandes aglomerações); 1,3% se declararam judeus (0,1% de judeus ao ficarem sabendo da pesquisa trataram de ir ao metrô apenas para ficar à frente dos mulçumanos e legitimarem sua histórica superioridade numérica dentro de vagões); 6,66% se declararam católicos apostólicos ortodoxos dominicanos gregorianos (cujos sacerdotes costumam ficar acompanhados por membros do subgrupo do grupo jovem da paróquia); o restante dos pesquisados acreditam no candy crush saga.